rio de janeiro e suas belezas

rio de janeiro e suas belezas
I LOVE YOU RJ

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Escolas de Samba do Grupo Especial - 2017 - PRESIDENTE, QUADRA, TELEFONE E ENREDOS





Presidente de HonraAniz Abrahão David
PresidenteFarid Abrahão David
QuadraRua Pracinha Wallace Paes Leme, 1025 - Nilópolis - RJ
Cep: 26.050-032
Telefone Quadra(21) 2691-1571 / (21) 2791-2866
EnsaiosAs quintas-feiras, a partir de 21 h



A Virgem dos Lábios de Mel – Iracema

O projeto carnavalesco inspirado na obra que descreve o encontro entre o português Martin Soares Moreno, e a Virgem dos Lábios de Mel, a índia da tribo Tabajara, de nome Iracema, tem o Ceará como palco principal, e como cenário, a natureza exuberante deste lugar paradisíaco, de verdes matas, onde cantam jandaias nas frontes de carnaúba.

Índia morena, serena, bela como uma flor, és tu, Ó formosa Iracema! Sua pureza provoca encantamento e seduz ao mesmo tempo.

E foi essa magia, soprada pelo vento, que deixou Martin Soares Moreno sem alento...

Ela, de pele morena. Ele, Moreno no nome...

E esse encontro amoroso entre duas civilizações distintas, é bem mais salutar que um romance literário e nacionalista, onde suscintamente, Iracema representa a cultura brasileira, e Martin Soares, o branco europeu.

Narrativa repleta de detalhes, pontua magistralmente a história do Ceará, o nascimento de um fruto miscigenado, possivelmente o primeiro mameluco nato, e entrelaça, de modo singular, a história do nosso imenso Brasil plural e a Lenda do Ceará.









Presidente de HonraJaider Soares
PresidenteMilton Abreu do Nascimento
QuadraRua Almirante Barroso, 5 e 6 – Duque de Caxias - RJ – CEP 25010-010
Telefone Quadra(21) 2771-2331




Ivete de rio a Rio!


Meu nome é Ivete Sangalo, e em 2016 tive a honra de ser escolhida para enredo da Acadêmicos do Grande Rio, E é para vocês que eu conto a minha história, feita de amor e muita paixão...

Eu nasci em Juazeiro na minha amada Bahia, e guardo na memória o chão rachado da caatinga, a poeira das estradas, o imenso Rio São Francisco, cheio de carrancas coloridas protetoras de seus pescadores. Desde pequena ouvi contarem da lenda da Serpente dos Olhos de Fogo que dizia:

(....) Havia uma bela menina, que foi se admirar no espelho d’agua do rio e surpresa com sua beleza, esqueceu da hora da avemaria, e por isso foi transformada numa enorme serpente que mergulhou e foi se esconder na Ilha do Fogo.

Esta serpente assusta pescadores, navegantes e lavadeiras, mas Nossa Senhora das Grotas amarrou a serpente em seu ninho com três fios de seus cabelos. Dois fios já se partiram criando inundações terríveis, e se o último fio romper inundará de veza região de Juazeiro e Petrolina.

Em meus sonhos, nossa Senhora colocou este último fio em minha mão para dominar a serpente e o mundo com meu canto e minha energia! O povo deste lugar reza muito em romarias, enfeita as barcas com carrancas para proteger pescadores e navegantes, e segurando este fio eu e a Grande Rio contamos uma bela história, de festas, carnavais e das minhas muitas viagens pelo mundo.






PresidenteLuiz Pacheco Drummond
QuadraRua Prof. Lacê, 235 - Ramos - Rio de Janeiro - RJ - CEP. 21060-120
Telefone Quadra(21) 2560-8037




"Xingu, o clamor da floresta"



"O índio estacionou no tempo e no espaço. O mesmo arco que faz hoje, seus antepassados faziam há mil anos. Se pararam nesse sentido, evoluíram quanto ao comportamento do homem dentro da sociedade. O índio em sua comunidade tem um lugar estável e tranquilo. É totalmente livre, sem precisar dar satisfações de seus atos a quem quer que seja. Toda a estabilidade social, toda a coesão, está assentada num mundo mítico. Que diferença enorme entre as duas humanidades! Uma tranquila, onde o homem é dono de todos os seus atos. Outra, uma sociedade em convulsão, onde é preciso um aparato, um sistema repressivo para poder manter a ordem e a paz." (Orlando Villas-Bôas, sertanista)

INTRODUÇÃO

Hoje, não vamos falar apenas de lendas, nem alimentar mistérios que dependem de nossa imaginação. Você cresceu, guerreiro menino, não é mais um curumim. Teve coragem para enfrentar as tucandeiras, traz no rosto as marcas do gavião e já consegue enxergar além das curvas do caminho. Hoje, vamos falar da verdade. É preciso entender o passado para saber o que nos aguarda no futuro.
Quando seus pés tocarem o chão, pise com a certeza de que ninguém ama tanto esta terra como a nossa gente. Somos o povo da floresta. Os espíritos de nossos ancestrais dormem nos troncos das árvores. A candura de nossas mães flutua no ar, e se espalha no perfume das flores. O amanhã resiste em cada semente carregada pela força do destino, conduzida pelos pássaros que enfeitam nossos cocares, orientam nossas flechas e repovoam essa gigantesca floresta. Nós somos a floresta e deixaremos que o vento leve este canto aos homens de boa vontade. Eles precisam nos ouvir.
Sim, guerreiro menino, porque quando não existir mais floresta, nossa gente será apenas lembrança e o que eles chamam de país, já não terá nenhuma esperança...




Presidente de HonraNelson Sargento
PresidenteFrancisco de Carvalho
QuadraRua Visconde de Niterói, 1.072 – Mangueira, CEP 20943-001
Telefone Quadra(21) 2518-8327 / 3872-6786


"Só com a ajuda do Santo"
“Te corto, te talho. Corto-lhe a cabeça, corto-lhe o rabo, corto-lhe o coração. Só o corpo da gente é que não. Pra trás irás, pra frente não passarás. Onde principiais, lá acabarás.” (Reza popular)

Pra tudo que é santo vou apelar. Para o santo de casa, para o santo de altar. Vou bater na madeira três vezes, vela acesa, copo d’água. Galho de arruda pra espantar quebranto e mau olhado. Vou saudar oBenedito, e se a graça eu alcançar, tem zabumba e reco-reco, ponho a congada pra desfilar. Vou pedir aos Santos Reis, afastar os móveis da sala, abrir portas e portões, dar licença para os mascarados “vadiá” no salão. Bordar uma bandeira pro Divino. Pedir a São João. Cortar papel fino pra fazer balão. Enfeitar de cravos e rosas a capelinha de melão.

Botar “guri” pra ser anjinho de procissão. Bendizer o “meu Padim.” Me apegar com a “Mãezinha” pra desatar qualquer nó. Carregar andor, pegar na corda. Na terceira onda que quebra na praia, lançar no balanço do mar: perfume, rosa, espelho e pente, pra Inaê, Marabô, Janaina se enfeitar.

Se pro velho Pedro já pedi que abrisse os portões dos céus e mandasse chuva pro roçado; se Santo Antônio, depois da judiação de tomarem-lhe o menino, à moça solteira já deu matrimônio; se São Sebastião é padroeiro do meu Rio de Janeiro, se São Francisco é quem protege os animais; se Santa Clara ilumina o caminhar; se bala, pipoca e guaraná agradam Cosme e Damião; vou me curvar aos pés do guerreiro, São Jorge fiel escudeiro. Por ordenança da Virgem Maria, ele é o “praça” que vai à frente da minha cavalaria.

Para me cercar de todo lado vou firmar ponto pro “santo” que baixa no terreiro. Pôr amuleto nos pés do gongá. Pra cortar demanda, me embrenhar nas matas e “saravá” seu Sete Flechas. Mandar fazer três capacetes de penas, um pra Iara, um pra Jandira, e um pra Cabocla Jurema. Jetruá pra saudar o Boiadeiro. Cantiga para o Marinheiro. Marafo, mel e dendê na farofa. Rezar para as Santas Almas, “Preta Velha, negra Mina da Guiné o inimigo que caia, e que eu, fique de pé”. É bom lembrar, não pode faltar, a proteção do Orixá. A Mangueira quer passar e comandar a procissão. Seu verde e rosa, todo mundo sabe, faz tempo já virou religião. Pra cruzar o seu caminho, é bom saber pisar. Traz mistério, crendices e magia. Não se engane: Só quem pode com a mandinga, carrega patuá.

P.S: Expedito, você que é dado ao impossível, será que fazia mal, chegar no ouvido do pai, e interceder por mais esse carnaval?








PresidenteWandyr Trindade
QuadraAv. Brasil, 31.146 – Realengo – Rio de Janeiro, RJ – CEP 21725-001
Telefone Quadra(21) 3332-5823

Todo conto é um canto de sobrevivência, de resistência, uma história de amor. Um conto pode durar uma hora, um dia ou mil e uma noites. Os fios que tecem uma narrativa encantam ao recontar histórias do coração, de reconciliação - lições que levam da vida. Todo mundo tem uma história para contar, essa é a nossa história.

E todos nós aqui, na solidão desértica da nossa amada Zona Oeste, a olhar as estrelas do céu, tão ávidos e sedentos por ver novamente, no firmamento, a nossa mais querida estrela reluzir, brilhante dentre todas as outras do universo.

O calor que banha de suor o nosso corpo e que aquece nossa região, volta e meia, nos traz à mente imagens que hora nos confundem e, em outros momentos, nos fazem delirar numa overdose de desejos. Loucuras de paixão se misturam com lembranças de bons ventos que um dia sopraram e refrescaram a nossa memória, como em um Saara imaginário que varre, ventando sem fim, tal qual uma oração, o refrão de um samba que me inspira assim..

“Nos meus devaneios,
Quero viajar...
Sou a Mocidade,
Sou Independente,
Vou a qualquer lugar...”

Em devaneios, a caravana parte.
Nela, toda a Mocidade, inebriada de fascínio na imaginação que flui, assim como a brisa que alisa o deserto, na noite que faz sonhar, busca no escuro céu uma guia - sua identidade estelar. Esse vento, que varre as dunas, vem então semear as histórias encantadas que, um dia, foram sopradas no tempo. Desprendidas das areias de tantas terras, se espalharam pelo mundo, se misturando por cá; viajaram aos quatro cantos, num vira e mexe, aqui e acolá, perto e longe, pra lá de Marrakesh, por todo o povo de Alah, como se fosse, a Arábia, um só lugar.







Presidente de HonraMonarco
PresidenteSergio Procópio
QuadraRua Clara Nunes, 81 - Madureira - Rio de Janeiro - RJ CEP 21351-110
Telefone Quadra(21) 3217 1604

“Foi um rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar”
RESUMO

O rio inspira os homens. De suas águas, pescam o sonho e o conhecimento, colhem a história e o encantamento. O rio azul e branco nasce da fonte de onde se originam a vida e as culturas humanas. Prima matéria, a água doce está associada aos mitos de criação do universo das antigas civilizações, é a manifestação do sagrado nas religiões e a maior riqueza para as sociedades modernas. A Águia bebe dessa água cristalina em sua nascente, onde brota o bem mais precioso criado pela natureza. No berço do samba, o pássaro abençoa a passarela, leito do rio da Portela. Segue recolhendo a poesia de muitos outros rios, enquanto mantém o seu rumo. Atravessa a Avenida, lavando a alma de quem deseja ver o rio passar, saciando a sede de vitória, irrigando de alegria o povo que habita a beira do rio. Suas águas purificam o corpo, afogam a tristeza e renovam as forças a cada alvorada. Convida a conhecer seus mistérios, cruzando aldeias e povoados, cidades e países distantes.

O rio é velho e por ele correm muitas histórias, porque sempre esteve ali a guardar os segredos das águas que deram origem ao mundo. O rio é novo porque está sempre em movimento e nunca passa duas vezes pelo mesmo lugar. O rio não pode voltar. Ele segue em busca do seu destino. Nasce como um fio d’água, calmo e sereno, e continua para receber muitas contribuições em seu curso. Enquanto cresce, irriga e fecunda as margens de onde se colhe o alimento do corpo e da alma. Avança sobre a terra e não se deixa vencer pelas pedras que encontra no caminho. Passa inspirando canções e poemas, linhas e formas sinuosas. Em sua exuberância, desfila entre matas, plantações, casas humildes e mercados, do interior até chegar às grandes metrópoles e receber as imensas construções fincadas em suas margens. O homem e o rio estão ligados pelo corpo e pelo espírito. Os artistas, músicos e cantadores, arquitetos e escritores incorporam a alma do rio e refletem suas imagens. Aqueles que se entregam à devoção e murmuram suas preces, pedidos e promessas fazem procissões e oferendas, agradecidos pelos desejos atendidos. O homem tira a vida do rio. A vida é como um rio que corre em direção ao seu destino.





Presidente de HonraRenato Thor
PresidenteJorge Honorato
QuadraCampo de São Cristóvão, 33 - São Cristóvão - Rio de Janeiro - RJ CEP 20921-440
Telefone Quadra
Carnavaleidoscópio Tropifágico

SINOPSE

“Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português”
Erro de português

(Oswald de Andrade)

Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia...

Quando Pero Vaz Caminha descobriu que as terras brasileiras eram férteis e verdejantes, escreveu uma carta ao rei: “tudo que nela se planta, tudo cresce e floresce”. Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade. Aqui, o Terceiro Mundo pede a bênção e vai dormir entre cascatas, palmeiras, araçás e bananeiras. Alegria e preguiça. Pindorama, país do futuro.

Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.

Contra as sublimações antagônicas trazidas nas caravelas, contra todas as catequeses, povos cultos e cristianizados:

- Eu, brasileiro, confesso minha culpa, meu pecado. Minha fome.

Revolução Caraíba, maior que a Revolução Francesa e o bonselvage nas óperas de Alencar, cheio de bons sentimentos portugueses. Só a Antropofagia nos une.
Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago. Única lei do mundo. Sou Abaporu faminto. Tupi, or not tupi? Thatisthequestion.
#somostodosmacunaíma.

Contra o aculturamento. Contra os bons modos. Contracultura. Por uma questão de ordem. Por uma questão de desordem.

Não anuncio cantos de paz, nem me interessam as flores do estilo. Tropical melancolia de uma terra em transe onde reina o rei da vela. A burguesia exige definições. Oh!
Good business!

No coração balança um samba de tamborim. Em Mangueira é onde o samba é mais puro e os parangolés incorporam a revolta. Eu me sinto melhor colorido. Quem não dança não fala. Faz do morro marginal Tropicália.

Viva a mulata, ta, ta, ta, ta.

Eu organizo o movimento com água azul de Amaralina, coqueiro, brisa e fala nordestina. Solto os panos sobre os mastros no ar. Aventura em busca do som universal. Os olhos cheios de cores. Pego um jato, viajo, arrebento. Com o roteiro do sexto sentido.

Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia.

Pela experimentação globalizada. Pela devoração psicodélica do rock’n’roll, da musica elétrica, das conquistas espaciais, da cultura de massa. Pelo encontro dos extremos. Pela união da precariedade com o moderno, do folclore com a ciência, do cafona com a vanguarda, do popular com o erudito.

São, São Paulo meu amor. Foi quando topei com você que tudo virou confusão. Dando vivas ao bom humor num atentado contra o pudor. Hospitaleira amizade. Brutalidade jardim. Ironia crítica do deboche sentimental. Porém, com todo defeito te carrego no meu peito. O avanço industrial vem trazer nossa redenção.

Eu preciso cantar. Em cantar na televisão. Eu nasci pra ser o superbacana com a capa do Rei do Mau Gosto. A elegância de um dromedário.

Você precisa saber de mim. Coma-me! Por entre fotos e nomes, jornais e revistas, nas paradas de sucesso. Por telas, formas e grafismos do folclore urbano. Coma-me!

Minha terra tem palmeiras onde sopra o vento forte. Vivemos na melhor cidade da América do Sul. Soyloco por ti, América, soy loco por ti de amores. Tengo como colores la espuma blanca de Latinoamérica. Esse povo, dizei-me, arde!

E no jardim os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis. Eles põem os olhos grandes sobre mim. Aqui, meu pânico e glória. Aqui, meu laço e cadeia.Mamãe, mamãe, não chore. A vida é assim mesmo. Eu quis cantar minha canção iluminada de sol.

Você fica, eu vou. Quem ficar, vigia.Todo o povo brasileiro, aquele abraço! Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço enquanto meus olhos saem procurando por discos voadores no céu.

Caminhando contra o vento vou sonhando até explodir colorido.

A alegria é a prova dos nove. No matriarcado de Pindorama. Nunca fomos catequizados. Fizemos foi o Carnaval. Não seremos belos, recatados e do lar.

Eu oriento o carnaval. Eu vim para confundir e não para explicar. Buzino a moça, comando a massa, dou as ordens no terreiro. Minha Tropicália Maravilha faz todo o universo sambar. Todo mês de fevereiro, aquele passo...

Viva a banda, da, da

Carmen Miranda, da, da, da, da...

Eu vou pelo mundo em milhares de cores. Eu vou! Porque não? Porque não?
Porque não?



PresidenteRegina Celi Fernandes
QuadraRua Silva Teles, 104 - Andaraí - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20541-110
Telefone Quadra(21) 2268-0548
A Divina Comédia do Carnaval
SINOPSE

"Carnaval do Rio, vendaval de sentidos! (?) Tu és o espasmo da fera na civilização". (João do Rio)

Quem sou eu nessa selva de ilusões que se ergue quando o mundo real acaba em
cinzas para renascer vibrante nas chamas de mais um Carnaval?
Muito prazer! Sou um aventureiro errante, passageiro do delírio. Mas podem me
chamar de poeta...
Embarco numa viagem desvairada pelos três reinos místicos de Momo, navegando por
um rio de escaldantes tentações.
"Se 'essa barca' não virar / Olê, olê, olá... Eu chego lá!"
De mente aberta e alma liberta, lá vou eu!

ALEGRIA INFERNAL
No "Balancê, Balancê", a embarcação avança pelas águas assombradas de onde avisto
as loucas fantasias dos que se entregam sem temor às garras da folia. São milhares de
vozes que ecoam pelos abismos mais profundos, entoando uma ladainha profana, hino
de tantos carnavais:
"Mas que calor ô-ô-ô-ô-ô-ô"!
Estou em pleno Inferno, ardendo numa incontrolável febre de alegria. No rebuliço dos
salões subterrâneos, o Bloco dos Mascarados arma as trincheiras para uma intensa
batalha de confetes e serpentinas, libertando as feras que se escondem em cada um
de nós.
No decorrer do trajeto, vejo uma procissão pagã inundando de beleza a Avenida das
Labaredas, onde ressoam alto os clarins pedindo passagem para os "Tenentes do
Diabo". Numa triunfal aparição, é carregado em glória o Senhor das Profundezas, que
uma vez por ano segue a comandar o soberbo desfile das Grandes Sociedades do
Além-Túmulo. Nessa euforia aterradora, a ordem do Rei do Mundo Inferior é lavar a
alma num irresistível transe coletivo, como se fosse o último Carnaval sobre a face
das trevas.
Mas sinto que é hora de partir, ainda que atraído pelas fogosas tentações espalhadas
no caminho maligno que tanto me seduz. Sigo, então, a minha trajetória. Ainda há
muito Carnaval para pular.



PresidenteRenato Almeida Gomes
QuadraAv. Presidente Vargas, 3.102 -Centro, Rio de Janeiro - RJ Centro Cultural da São Clemente Rua Moncorvo Filho, 56
Telefone Quadra(21) 2223-0641

"Onisuáquimalipanse"
(Envergonhe-se quem pensar mal disso)

SINOPSE

Era uma vez um príncipe que morava num país distante. Quando ele era ainda jovem, o rei, seu pai, morre e ele é coroado rei.

O jovem rei viveu sua juventude com intensidade. Dançava todas as noites, montava a cavalo e organizava torneios, gostava de se mascarar no carnaval, saía de seu palácio para visitar as senhoras importantes do "grand-monde".

Aprendeu a cantar, dançar e a tocar guitarra. Sua mais célebre participação foi em um balé intitulado "Balé da Noite" baseado num poema que dizia:

"No cume dos montes, começando a clarearem, Já começo a me fazer admirar Eu dor dor e forma aos objetos E quem não quiser evitar minha luz, Vai sentir meu calor..."

Ao final nosso rei representava o sol se levantando em meio às nuvens e tal foi o sucesso que ganhou o apelido de Rei Sol.

E como todo rei se casa com uma princesa, este nosso personagem não escapou a regra e se casou com uma princesa - Maria Teresa Áustria.

Para tomar conta dos seus tesouros, e dos tesouros do país, escolheu o advogado Nicolas Fouquet, que conseguiu sanar as finanças e organizar financeiramente o país. Foi nomeado superintendente das finanças do Rei, uma espécie de ministro.

Este senhor foi acumulando uma fortuna imensa tão grande quanto seu poder. Promovia as artes, no sentido mais nobre do termo, e vivia circundado de poetas, teatrólogos, pintores, músicos etc... para os quais pagava uma espécie de mesada.

Comprou muitos imóveis, mas gostava de um em particular, um palácio, situado não muito longe de Paris, que necessitava de reformas e cujo terreno era um tanto acanhado. Comprou as terras em torno da edificação e deu a missão de reformá-lo a alguns de seus amigos artistas com Lebrun, pintor, Levau, arquiteto e Le Notre, paisagista. Deu a estes artistas total liberdade de criação. O resultado foi surpreendente. O palácio ficou deslumbrante, com suas pinturas nas paredes, espelhos e madeiras douradas, um luxo fantástico. O jardim era tão grande que se perdia de vista. Era um verdadeiro assombro com suas alamedas geométricas, labirintos e gramados que faziam desenhos complexos, intercalados por lagos e espelhos de água com chafarizes.

Tratou de preparar uma grande festa para o rei, que levou nada mais nada menos que 600 convidados. O cozinheiro de Fouquet era excepcional, chamava-se Vatel, não havia, no reino inteiro quem fizesse uma festa como ele. Porque ele cozinhava e inventava as decorações e efeitos para seduzir os convivas.

A recepção foi fantástica - Os chafarizes enfeitavam os jardins e refletiam os fogos de artifícios. Vatel preparou um bufê insuperável, a música era da melhor qualidade e ainda puderam assistir a uma peça de Moliere. Nunca se viu tamanho esplendor - O Rei ficou absolutamente deslumbrado, e depois... muito furioso.

Mandou que o chefe da guarde real, d´Artagnant, prendesse o superintendente, por malversação do dinheiro público, ou real, pois afinal como ele conseguido construir tamanha obra de arte... Fouquet conseguiu ainda avisar aos seus mais próximos, que destruíram os documentos mais comprometedores.

O Rei nomeou outro ministro, chamou os artistas que haviam trabalhado no Palácio de Fouquet e os incumbiu de construir um palácio muito mais bonito, muito mais esplendoroso e do qual ninguém jamais imaginara e com jardins e bosques e árvores frutíferas como ninguém jamais houvesse visto igual. E foi assim que esses artistas construíram um palácio ainda mais lindo, chamado Versailles.

PS - Essa história aconteceu há muito tempo, qualquer semelhança com fatos de outras épocas é mera coincidência.




PresidenteSidney Filardi
QuadraEstrada do Galeão, 322 – Cacuia – Ilha do Governador – CEP 21391-242
Telefone Quadra(21) 3396-8169

"Nzara Ndembu – Glória ao Senhor Tempo"

SINOPSE

“O Tempo não existe;
a não ser em todo o resto que há!
E Rei, o Tempo, é uma epopeia,
existindo nas coisas todas que hão!
É ausência que se apresenta
como transformadora presença.” 

Pois havia as terras dos Bantos, onde Nzambi Mpungu, o grande criador e suprema entidade, vivia em seu suntuoso palácio, Nsanzala dia Nzambi, o Templo da Criação, na origem do universo, entre ampulhetas mágicas e ornamentos de ouro e marfim. Foi quando surgiu a necessidade de convocar Kitembo, Rei de Angola, e transformá-lo no Inquice mágico do tempo: o tempo cronológico e o tempo mítico estariam reunidos para toda a eternidade.

Raios e dias, tempestades e semanas, vulcões e meses, estações do ano e os anos, maremotos e décadas, os segundos em séculos, os minutos em milênios, as horas dando sentido à vida! Abriram-se mágicos portais, que conduziriam razão e emoção no longo existir. O destino e a mutação.

No interior do Palácio, todo dia e noite, criaturas Nlundis e Fucumbas de ferro protegiam a rara energia maleável e evolutiva- o Nguzu, que dava a Kitembo o poder de transformar o mundo.

Foi assim que o espírito livre de Kitembo varou os céus e se fixou na terra, alcançando conexão entre os dois mundos: o sobrenatural e o material. Criou raízes fortes de uma árvore sagrada, que servia como meio de comunicação e de transporte ente os deuses e os homens, em comunhão com o universo.

II

Já lá se vão 4,6 bilhões de anos! Sobre o supercontinente seminal, aliou-se à Nzumbarandá, a mais velha dos Inquices, e juntos criaram a natureza na Terra, solicitando que Katendê lançasse sementes que formariam florestas guardadoras de majestosa biodiversidade.

Este equilíbrio foi maculado com a chegada do grande meteoro que avermelhou o céu. Foi preciso a ação de Kiamboté Pambu Njila, em forma de caminhos e de movimento, para que os continentes e o nível do mar começassem a se mover. Pontes de terra abriram caminhos entre um bloco e outro, permitindo que primitivos animais migrassem livremente.

No caminho, o Rei de Angola encontrou guerreiros de várias tribos e ensinou-lhes a cultivar a terra. Era plantar para colher, domesticar alguns animais, e aceitar que muitas espécies permaneceriam na natureza selvagem. Kiamboté Kabila Duilo!Gongobira! Mutalambo: salve o caçador dos céus! Kiuá Nkosi, o Senhor da forja, ao transformar o instrumento de pedra em metal viu os guerreiros lutando para sobreviver. Da força do ferro, para o bem e para o mal, surgiram os instrumentos de trabalho e nasceu a natureza bélica.

Kitembo não se abateu, e convocou Kavungo,Inquice da saúde, da morte e Senhor dos mistériose Nsumbu,oSenhor da terra, para celebrarem a Kukuana: festa da fartura, da prosperidade de alimentos. O solo da mãe Terra ganhava assim a sua celebração principal. Em contato com a natureza plena e no reencontro com seus irmãos de Angola, o guerreiro Kitembo renovou seus laços de fraternidade, essência de sua ancestralidade, e seguiu viagem.

III

No final da era onde as águas se separam da terra, surgiram os grandes reservatórios debaixo e em cima da crosta do planeta. Angoro, Hongolo Menha, o arco-íris no céu, foi quem disso lembrou Kitembo. Era o vapor, o gasoso hídrico, a água, a seiva da vida, que circundaria toda a terra e trazendo novos ciclos.

As águas que se precipitam do céu tocados por Kitembo, Angoro e Bamburucema, se infiltram na terra e depois renascem límpidas e brilhantes. Fontes de toda a vida, as águas fizeram Kitembo entender a longevidade, o princípio de toda a cura e a bebida sagrada da imortalidade. Nos rituais africanos, a água é o elemento fundamental em banhos de cheiro, de descarrego; nas oferendas em cachoeiras; podendo, de forma mágica, também se transformar em estado sólido, fazendo surgir na natureza o encanto das geleiras, a neve e os icebergs.

Foi num mergulho nas águas salgadas, que Kitembo chegou ao palácio subaquático, cercado de corais, e lá encontrou Samba Kalunga, guardiã dos segredos dos mares profundos, e Nkianda, a dona de todo o mar e seus peixes abissais de extrema beleza. A benção das águas salinizadas interagiu com lagoas e lagos onde a vida e a beleza das espécies aquáticas são mantidas e preservadas sob a proteção da encantadora Ndandalunda, sereia de águas doces. Ndadalunda! Kissimbi!

IV

Kitembo sabia que havia um destino solar no seu caminhar, o assim chamado fogo universal. Diante do poder incandescente, louvou Nzazi, a divindade do fogo, do trovão, da justiça. Estava diante do Inquice capaz de fulminar os injustos com sua pedra de raio. Uma chama incandescente que indica o caminho que deve ser seguido, por aquele que conhece os ensinamentos das leis do Universo. A força energética, ligada ao impulso da vida, à paixão, à transmutação; força avassaladora e incrível, associada à motivação, desejo, intenção, ímpeto e espírito aventureiro. Faísca de divindade que brilha dentro de nós e de todas as coisas vivas.

A Magia do Fogo pareceu ao Rei de Angola assustadora, porque os resultados manifestam-se de forma rápida e espetacular, como nosso metabolismo e as paixões que nos movem. O movimento da ampulheta não cansava de surpreendê-lo. O encontro do sol com a lua, do dia com a noite, só foi possível porque o fogo, condutor da magia, a chama da vida estava ali presente nos raios de sol de mais um dia.

No Sol, nas estrelas, nas fogueiras, nas brasas, nas lavas, nos vulcões e nas erupções. O frenesi que esquenta nos dias frios e faz transpirar nos dias quentes. Foi quando Kitembo apreciou o eclipse, mais um espetáculo da natureza:

E como isso não bastasse, o fogo era o elemento da comunicação, pois o fogo fala diretamente aos homens. Diante do fogo, o animal se espanta e foge, mas o humano espanta-se e aproxima-se. E ele faz parte de cultos e rituais, e desde os primórdios permitiu ao homem inúmeros avanços: o preparo de alimentos e bebidas, caçadas e no afugentamento de animais e grupos rivais, na fundição de metais e para fazer renascer as labaredas de fé no coração do homem.

V

O Rei Kitembo de Angola curvou-se diante do azul celeste, repleto do elemento Ar, e ali esperou até que surgisse ao seu lado Matamba, a Inquice rainha dos ciclones, furacões, tufões, vendavais. A guerreira poderosa, amor e paixão do Senhor do tempo. Contam as lendas que ele gostava de virar o tempo, apenas para ver Matamba soprar seu vento, tão fundamentais para movimentar as sementes outrora lançadas na terra. Ali, no chão da terra, onde o homem pisa com toda a sua humildade, estava a magia do poder transformador dos elementos.

Matamba deu-lhe a mão, e seguiu com ele de volta para a África, para o Reino de Nzambi. Ali uniram seus súditos na criação de um novo reino, gerando trabalho e prosperidade por muitos séculos, emanando para todos os povos irradiações de amor e respeito pelo meio ambiente, a fonte inesgotável de vida para as futuras gerações.

Que nossa vida seja um canal de manifestação do Reino de Nzambi, onde quer que estejamos. Que nossa ação, nossa palavra, nosso agir, revele esse maravilhoso reino com todas as suas potencialidades. E assim abriremos de volta o caminho para que possamos viver o nosso Tempo.

Como será o futuro da humanidade e a preservação dos elementos naturais? A união dos povos pela preservação da vida, responderia Kitembo. Na história do Tempo, a árvore sagrada da vida deixou registrada para todo o sempre esta cronologia: as raízes do passado, as folhas do presente e os frutos do futuro. Saravá! Nzara Ndembu!

De um velho soba do deserto de Namibe, para União da Ilha do Governador.








PresidenteFernando Horta
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Música na Alma, Inspiração de uma Nação

SINOPSE

A arte e a linguagem da música são os laços que unem dois grandes gênios instrumentistas: Pixinguinha e Louis Armstrong. Nossa história vislumbra-se pela sensível sonoridade de seus instrumentos, suas vozes e pela espontaneidade criativa da essência da alma do povo americano (dos Estados Unidos).

Trazem-nos os acordes da eternidade do tempo, do templo da música, onde seus expoentes se acumulam e os seus destinos tornam-se canções... Aqui, seguem em desfile e Pixinguinha recebe Louis Armstrong para um memorável e inédito show:

Sapucaí in Concert – a história da música dos Estados Unidos da América.

- Seja bem-vindo, Louis Armstrong. Toque da forma que sente dentro do peito, a nossa música não tem fronteiras. Cante, conte... Sua história interessa ao mundo e a todas as esferas da vida brasileira.

Abertura: Música Negra da Alma.

- Meu caro Pixinguinha... Tudo começa com a ritualização das canções de trabalho dos negros escravos em cânticos de louvores (spirituals) - que sobreviveram à dor e ao lamento e revelaram a purificação da alma e o seu estado de sofrimento. Com o fim da Guerra Civil e a Abolição da Escravatura, sob o discurso de unificar a nação, congregando pessoas de diversas culturas e origens, os negros emancipados migraram para as cidades e, com eles, levaram os seus costumes musicais que infundiram, ao que cantavam ou tocavam, uma vitalidade e um caráter muito peculiares.

Nesse contexto, adotaram uma forma poético-musical individualizada, impressa na descontinuidade melódica de profanas canções, à qual chamaram de blues.

Primeiro set: a voz musical das suas heranças.

- As concepções musicais afro-americanas que surgem no Delta do Mississipi e percorrem uma longa estrada numa constante evolução... Inspiram-me! Fazem com que me lembre daqueles primeiros tempos de Nova Orleans...

- Revivo as brass bands – que, entre outras ocasiões, tocavam durante os cortejos dos funerais. Na ida, seguiam cadenciadas em homenagem ao falecido, e, na volta, “marchavam”, tocando música para os vivos ao ritmo de um som alegre – como que se evocassem a ancestralidade de seus músicos.

A esfuziante genialidade das brass bands, com ritmo swing misturado ao ragtime – uma música tipicamente executada por pianistas, exuberantemente alegre para dançar –, caracterizava o jazz, em seus primórdios.

- Rendo-me à improvisação rítmica incandescente do jazz... E, em homenagem a todos os seus grandes músicos, instrumentistas e intérpretes, toco-o, desafiando o tempo, assim como tocava, em pé e ao vento, sobre a proa de um barco a vapor deslizando sobre as águas do rio Mississipi, empunhando meu trompete aos céus!

E é a partir do blues, jazz e da música gospel, com seus estilos e formas, que surge uma integração musical por diversos caminhos com resultado artísticos idênticos ou semelhantes e até diferentes, em busca de uma identidade.

Segundo set: as baladas de um cowboy.

- A experiência jazzística leva-me a cruzar fronteiras e a criar laços históricos. Meus pistons se unem ao violino, ao violão e ao velho conhecido banjo e configuram a música country americana.

- Ouça, Pixinguinha, esses acordes: eles evidenciam a fusão das baladas folclóricas europeias e dos cantos dos cowboys do sudoeste americano com a música oriunda dos negros. Sua pauta segue atrativa ao estilo que se caracteriza por tons graves e canções que descrevem o cotidiano rural. Siga-me e também a esse som nítido e brilhoso, sugerindo a “potência e a ternura” da música country – que seguiu fases de sucesso com programas de rádio e conquistou o universo musical nos Estados Unidos.

  Terceiro set: o toque freedom of speech, transpõe os limites da cor da pele e embala-nos com a trajetória “alucinante” do rock and roll.

- Pixinguinha…como consequência natural dos estilos musicais dos Estados Unidos – que se aproximam e se fundem–, deixemos que o rock preencha o nosso imaginário e os espaços de forma intuitiva.

- Gritemos pela verdade!  Os jovens se “cobrem de coragem” e seus desejos afloram de uma música underground tocada por homens investidos de deuses (ou por deuses investidos de homens).

O rock celebra a irreverência performática dos primeiros músicos roqueiros, cruza os palcos americanos e coroa seu rei…  Mas, enquanto o público pede bis – a música soul traça um paralelo…um som da negra raiz: rhythm and blues, um instrumento de apoio à luta pelos direitos civis.

E o rock? “Soprando o Vento” segue arrastando legiões de fãs, surfa no “lirismo comportamental” das ondas do beach rock da Califórnia...sua “loucura eletrificada” serve de banquete aos estridentes sons de suas bandas e tudo se mistura. No contexto social, sua evolução parece diabrura – uma espécie de liberdade: Woodstock! E suas guitarras transcendem a rebeldia e a candura, inscrevendo-se na psicodélica poesia da contracultura.

Quarto set: a personificação da música no teatro e no cinema.

- Pixinguinha, a história segue… Rejo as clássicas canções de George Gershwin e Cole Porter, músicos compositores que deram sempre e tanto poder de criação e vida às interpretações dos musicais de sucesso da Broadway. A partir de seus conteúdos artísticos, sigo narrando a magnificência do realismo fantástico dessas belas histórias destinadas à dramatização da música no teatro. Contudo, o canto, a dança e a melodia emergem da memória afetiva como poesia do saber, afinal, foi cantando “Hello Dolly” – que tudo isso fez parte do meu ser.

Das telas de cinema,
Eu ouço e vejo:
A música esculpir os desejos.
Em foco! Ela encena,
Contracena com a emoção.
Com o mundo sem fronteiras,
Ou uma doce ilusão?
A música é o artigo definido de uma paixão
Que se revela, entre o pranto e a alegria,
E conforta o coração.

E assim, ao longo das décadas, muitos filmes tiveram suas exibições consagradas. Em alguns casos, tão originais, as músicas foram feitas especialmente para determinados personagens ou histórias. E sob a verdade dessas canções: “cantam na chuva”, “mudam de hábito” e tudo parece não ter fim...

Quinto set: a inspiração é pop.

Assim como outrora a convivência entre os povos gerou novas variedades de músicas, assim também, espontaneamente, – a técnica e a riqueza fonográfica – a que seguem o rádio e a televisão – levam magníficas composições, videoclipes, shows e revelam ao mundo novos reis e rainhas do universo musical americano.

- Até ouço a música americana tecnologicamente vestida de uma explosão de cores e efeitos, acrescendo sua história... Cruzando novos portais, entre o gueto e a cidade, misturando tradição e modernidade... Funk é Brown e sua batida groove é poder! E nessa levada, tramando as palavras, o movimento hip-hop tem muito a dizer: versando a verdade nua e crua, proferindo sem distorcer, a poesia que vem das ruas, como rima do saber.

- Com novos efeitos eletrônicos – forjando a herança da Motown – sons inovadores ousadamente deslizam sobre as pistas de dança ao calor da juventude –disco, discotheque – embalados por diversos hits de sucesso.

O passado é remixado ao futuro e, a cada década, um novo cenário: são muitos, muitos nomes que fizeram, fazem e farão da música popular dos Estados Unidos da América um universo infinito de estilos, astros e estrelas.

- Ouça, amigo Pixinguinha, todos pedem bis… Seja daqui pra lá, e de lá pra cá, o seu saxofone une-se ao som do meu trompete!

- É, Louis, a música dos Estados Unidos é a porta-voz mais poderosa e eloquente de seu povo – ouvida em todas as partes do mundo. Que “jazzisticamente” influenciou o conteúdo e as performances musicais dos “Oito Batutas” e a Música Popular Brasileira. Hoje é coroada à celebração da alma, às raízes de um povo, ao sucesso de uma balada... Sapucaí in Concert é a inspiração, é o ritmo da nossa batucada.





PresidenteLuciano Ferreira
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"O Som da Cor"

Ouço um tom de pele. Vejo a música que embala. Me arrepio no toque da batida, saboreando o ritmo que dela exala. Sinto cheiro daquela gente sofrida, no brilho da voz que não cala. Esta é a saga daqueles que migraram forçosamente, para um já velho novo mundo. Após séculos no cativeiro, tingiram estas Américas e as fizeram crioulas. Gerações que se seguiram colheram os frutos desta musicalidade, semeada por seus ancestrais. Vozes e percussão revelando seus ritmos, no bater do pé e na palma da mão. Instrumentos inventados ou adquiridos de outras culturas.

De início, navego milhas, nas ondas latinas, aportando nas Antilhas, como os hispânicos reinóis, seus descobridores. Entre chocalhos e maracas, o canto e a dança, ao som da habanera cubana. Do culto ao etíope monarca africano, nasce o movimento rastafári caribenho, disseminado pelo reggae jamaicano. Seguindo para o sul da colônia, conhecemos a cúmbia, "dança dos escravos" da Colômbia. No Uruguai, a dança com atabaques tem como candombe seu codinome. Bantos, de origem, seguem para a prateada Argentina, muitos partindo do Brasil. Embarcavam, levando em si uma cultura genuína, que, transportada em cada cargueiro, chega ao porto de Buenos Aires vinda do Rio de Janeiro. Assim nascem a milonga e o tango, seu irmão, que no dialeto banto quer dizer círculo, baile, tambor ou reunião.

Além das coroas ibéricas, outros reinos colonizaram o continente; ingleses e depois seus colonos americanos, que se proclamaram independentes, disputaram com espanhóis e franceses novos territórios. E neles aportaram navios negreiros; a mão de obra escrava, nos brancos campos de algodão, era despejada. Proibidos de falar, cantavam. Cantando, dividiam dor, amor e cânticos de louvor. Blues, ou “azuis”, era referência às pessoas de pele negra e à melancolia nas plantações. Pai do jazz, que contém um banzo, uma saudade. Nova Orleans foi o berço. Os instrumentos das bandas marciais, uma vez abandonados, após a derrota dos sulistas na guerra civil, foram reaproveitados. Segregados, os irmãos de cor dedilhavam o teclado em igrejas para os fiéis. Restava-lhes pouco espaço, somente em bares, clubes e bordéis. Assim o “ritmo” vai dominando o suingue do compasso. Do boogie-woogie e do jump blues, nasce um novo gênero que, ao som de guitarras, pelo mundo inteiro, a juventude conquistou: “Aumenta que isso aí é rock'n roll”. Está na alma, está no soul! Na pista disco. No funk e no techno. Negro é rap, é hip hop. Ser negro é ser pop.

Agora ouço, das terras brasileiras, histórias que a memória traz. Bantos, iorubás, jejes, minas e hauçás, sobrevivendo entre a dor e a gana, na ex-colônia lusitana, deram início a uma íntima relação entre música e fé. E ao seu culto chamaram “calundu”, e em seus “batuques” na mata aberta, nos cafundós do sertão, uma cultura se manifesta. “Se negro festeja, não conspira", diz o amo branco, que assim permitia. Na roda dos negros, virou lundu, uma dança sensual que, junto à fofa e ao fado, atravessou o Atlântico e conquistou Portugal. Este último se une aos cantos dos mouros, às cantigas dos trovadores, da saudade inerente dos marinheiros. Consolida-se como canção solista, inspirada na dança estilizada. Revela-se que o grande orgulho luso, ora pois, tem um pé na senzala.

Nas ruas daqui, o toque da zabumba chama o povo para o festejo, ao relembrar a coroação do rei do congo num sincrético cortejo, das embaixadas da nobreza negra, sua corte e seus vassalos. A devoção da irmandade negra católica à padroeira dos escravos. Salve Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, salve São Benedito. Batem tambores, marimbas e ganzás, nas batidas de caxambus. Dos reisados, de Chico Rei coroado e dos maracatus. Festejando em louvação, simulam lutas nos autos negros que saúdam a Divina Senhora da Purificação. Na tradição nagô, o “candomblé de rua”, na cadência do ijexá com seus xequerês e agogôs, é representado pelo afoxé. E nos trios elétricos brincam ao ritmo do axé. Dos grandes mestres e batutas, choram flauta e cavaquinho. As modinhas, polcas, maxixes, pilares do meu carinhoso chorinho. E nos grandes encontros se fez o jongo, conhecido como caxambu e corimá.

E o samba, que vem de "semba", a angolana "umbigada", mexe e remexe nos seus requebrados. Sincopado e malandreado. Vem exibir, com as palmas e a resposta, os seus passos e rebolados. Meu tamborim de bamba, valorizando a batucada. Com as bênçãos de Ciata e das "tias baianas", na Praça Onze e na Pedra do Sal, na Pequena África carioca. “Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros”, que a negritude tem a primazia. E é dessa cor que falo, que meus sentidos expressam, naquele que é considerado o maior espetáculo. Trazendo os matizes de cada pavilhão, a escola que o samba fez. E ao som das cores da Vila, que é Azul, Branca e Negra também, vem kizombar mais uma vez.

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