ESCOLA DE TEATRO PÚBLICO CANCELA COMEMORAÇÕES DE BICENTENÁRIO

Após estragos da chuva, escola de teatro cancela apresentações no Rio

Turma da Martins Penna será primeira a não se apresentar em 107 anos.
Escola comemora bicentenário do dramaturgo em condições precárias.

A Escola Estadual de Arte Dramática do Rio de Janeiro Martins Penna, no Centro do Rio de Janeiro, cancelou as apresentações das turmas de formatura por falta de estrutura nos teatros após a chuva que provocou vários estragos na última semana. Na última quinta-feira (17), membros do Grêmio Estudantil, formandos, alunos, professores e funcionários se reuniram para cobrar soluções. 

Alunos registram dia de chuva durante provas na escola
  (Foto: Fernanda Oliveira - Arquivo Pessoal)

A escola de 107 anos de idade, única escola de teatro pública do estado do Rio de Janeiro e maior da América Latina, que comemora este ano o bicentenário do dramaturgo Martins Penna, carrega com sua tradição, um trajetória de muita dificuldade. Segundo alunos e professores, o problemas estruturais da escola causados pela chuva já se repetem há décadas.

"Estou aqui há dez anos e não é a primeira vez que isso acontece. A diferença é que desta vez não dá mais. A gente está cansado de tapar buraco. Vem a chuva, a chuva seca, a gente finge que esqueceu, e tudo se repete no próximo ano. Estamos correndo risco de vida. No dia da apresentação a professora de iluminação se recusou a acender os aparelhos por risco de incêndio. Não dá mais", afirmou a professora de figurino e cenografia, Daniele Geammal, que conta que a turma perdeu todo o cenário preparado durante o semestre por conta da inundação da escola.

A formanda Jessica Freitas explica os riscos para os alunos. "Além de todos os prejuízos, está chovendo na rede elétrica. Isso é muito perigoso, porque o teatro é pequeno, não tem saída de emergência, não tem extintor de incêndio. A gente não quer colocar a vida de ninguém em risco. A cachoeira de água atingiu a calha de refletores e o meio do palco. Molhou todo o nosso cenário e figurino. Ao mesmo tempo que não tem ar condicionado e já teve gente passando mal durante uma apresentação por tanto calor num lugar sem ventilação."

Redes Sociais
Depois das chuvas que começaram no dia 12 de dezembro, os alunos que tiveram suas provas canceladas se mobilizaram nas redes sociais para denunciar os problemas. "Eu não sei mais o que me dizer. Só me resta chorar pois me sinto inútil. Um trabalho muito árduo, com poucos recursos, que pode ir para o ralo", disse Fernanda Oliveira. A formanda Camila Barra também desabafou: "Pior do que ter q aceitar q nosso espetáculo foi cancelado por conta da estrutura capenga da nossa escola, é ter que ver o público chegando embaixo de chuva pra assistir nosso trabalho e ter que dizer que hoje não terá apresentação porque a Martins Penna está alagada mais uma vez."

Infraestrutura
O diretor da escola Martins Penna, Marcelo Reis, explicou que foi feita uma reunião com representantes de Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) e alunos da escola e confirmou que é preciso fazer melhorias, mas que as perdas da turma que está se formando já foram resolvidas.

"A presidência da Faetec ficou de enviar o Departamento de Engenharia e Manutenção para fazer um estudo sobre o telhado da escola. Esses problemas vêm de 30 anos. O teatro foi construído errado, com o telhado com duas quedas de água para dentro. Choveu muito mais do que o esperado, houve alagamento em vários locais. Mas não houve perda de cenário, o que teve já foi resolvido. E sobre a apresentação ficou acordado com alunos e professores de apresentar em março", disse.